domingo, 2 de novembro de 2008

ONU aprova resolução para fim do embargo dos EUA a Cuba

Documento que pede término das sanções comerciais impostas há cerca de 50 anos teve apoio quase unânime

NOVA YORK - A Assembléia Geral da ONU aprovou nesta quarta-feira, 29, por uma maioria arrasadora, uma resolução que pede o fim do embargo econômico e comercial declarado há quase meio século pelos Estados Unidos contra Cuba. O documento alcançou um apoio quase unânime dos 192 países que integram a ONU, já que 185 países votaram a favor, contra três (Estados Unidos, Israel e Palau) que foram contra, duas abstenções e duas nações que não votaram.
O chanceler cubano Felipe Perez Roque disse antes da votação que ficará a cargo do próximo presidente americano admitir que o embargo é uma política que não funciona. "O bloqueio é mais velho que o senador Obama e toda minha geração", disse ele, em um claro pedido de mudança caso o candidato democrata à Casa Branca seja eleito, informa a agência France Presse.
"Dentro de algumas horas será eleito o novo presidente dos Estados Unidos. Ele deverá decidir se admitirá ou não que o bloqueio é uma política fracassada, que provoca um maior isolamento e descrédito de seu país, numa tentativa de render o povo cubano por fome e doenças", continuou o ministro cubano, destacando que os Estados Unidos nunca terão o povo cubano "a seus pés."
Por sua vez, o diplomata americano Ron Goddard afirmou que o embargo é justificável porque o governo cubano não é democrático e restringe a liberdade política e econômica. Ele assegurou que o povo americano envia milhões de dólares em assistência humanitária à ilha e que Havana havia recusado a ajuda oferecida em resposta aos recentes furacões que castigaram o povo cubano.
Esta é a 17.ª vez consecutiva que a ONU vota um texto similar para o fim das restrições à ilha. Dos 59 países que apoiaram a resolução em 1992, a cifra seguiu aumentado para 179 em 2004, 183 em 2006 e 184 no ano passado. "Não é difícil imaginar o que Cuba teria alcançado se durante esses quase 50 anos não estivesse submetida a essa guerra planetária brutal", concluiu Perez Roque, segundo a France Presse.

Diretos humanos

O representante francês Jean-Pierre Lacroix disse que "durante os últimos meses, a situação dos direitos humanos em Cuba teve alguns avanços positivos", ressaltando que "a situação fundamental ainda não mudou, apesar de ter diminuído o número de presos políticos."
A resolução "pede mais uma vez aos Estados Unidos que no prazo mais breve possível, e de acordo com suas leis, tomem as medidas necessárias para revogar ou deixar sem efeito" o embargo.
As sanções econômicas dos EUA contra Cuba começaram em 1962, no governo do presidente John Kennedy, do Partido Democrata. Foi a primeira de uma série de medidas de caráter econômico e comercial para isolar o regime do ex-líder cubano Fidel Castro.

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