terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Moção de apoio do PSOL/ Santos à ocupação pertencente à Mantenedora da UNISANTOS

“Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!”
Mario Quintana
O Partido Socialismo e Liberdade, através de seu Núcleo de Santos, vem declarar publicamente o apoio dos seus militantes à ocupação do prédio pertencente à Mantenedora da UNISANTOS, feita pelos estudantes desta universidade desde a última quinta-feira (27/11).
Entendemos que a atitude na UNISANTOS de aumentar as mensalidades de seus alunos de 7% a 14%, após anos de contenção de despesas através da demissão de funcionários e professores, mudança de vários cursos para um mesmo CAMPUS e do PROUNI, é arbitrária e tem como lógica a idéia de se tratar educação como mercadoria e não como direito.
Denunciamos a intransigência da atual reitora, Maria Lucia Lambert, que rejeitou qualquer possibilidade de negociação com as entidades representativas dos estudantes, bem como negou-se a apresentar planilhas de custos que comprovassem a efetiva necessidade do reajuste que ora se impõe unilateralmente.
Os estudantes da UNISANTOS, representados pelo Centro dos Estudantes de Santos (CES), já demonstraram em inúmeras oportunidades que não aceitam calar-se diante de qualquer tipo de abuso, tendo comparecido e participado ativamente de inúmeras lutas em defesa de trabalhadores e movimento de nossa região, e não poderiam reagir de forma diferente quando os seus próprios direitos são atacados pela instituição que deveria ter o compromisso de garantir sua formação plena, inclusive para o exercício da cidadania.
Assim, afirmamos o nosso apoio e presença nas atividades convocadas pela coordenação da ocupação e conclamamos toda sociedade santista, movimentos e sindicatos a apoiarem e defenderem os estudantes presentes na ocupação, com vistas a garantir a IMEDIATA ABERTURA DE NEGOCIAÇÕES que garanta o atendimento da pauta apresentada, com suspensão dos aumentos já implementados e congelamento das mensalidades.
Educação não é mercadoria!
Só a luta organizada garante conquistas!
Saudações aos estudantes da UNISANTOS que tem coragem de LUTAR!

PSOL/ Núcleo Santos

domingo, 30 de novembro de 2008

A ocupação segue firme!

Agradecemos às dezenas de pessoas solidárias à luta contra o aumento das mensalidades que doaram alimentos, barracas, lonas, utensílios doméstic os, cozinharam pra gente, trouxeram colchonetes, barracas, materiais de limpeza e higiene pessoal e, especialmente, aos novos rostos que estão acampados no casarão da mantenedora. Continuamos com problemas com os telefones (sem crédito, sem crédito!) e, especialmente, com a triste resposta negativa da universidade.
ACONTECEU ONTEM NA OCUPAÇÃO:
Ontem, nós, estudantes em ocupação, cozinhamos, limpamos, compartilhamos e aprimoramos os espaços ocupados no antigo casarão. Também fizemos uma aula aberta sobre história da política com o professor e historiador Carlos Eduardo. Na assembléia, definimos algumas novas tarefas e comissões fundamentais (venha se informar na ocupação!).
Adiamos as apresentações das bandas da Unisantos e o cineclube para hoje. Motivo: os índios e índias da Aldeia Rio Branco, tribo guarani de Itanhaém, solidarizou-se com nossa ocupação e fizeram uma bela apresentação em homenagem à nossa luta.
É importante que a ocupação continue crescendo e que todos os estudantes, pais e a sociedade em geral participe da luta contra o aumento das mensalidades!
Fonte: blogdoces.org

sábado, 29 de novembro de 2008

Bolívia e Venezuela também farão auditoria de dívida

Bolívia e Venezuela anunciaram que também irão fazer auditoria de suas dividas externas, seguindo o exemplo do Equador. Assim, os três países que compõem a ALBA (Alternativa para as Américas) irão desafiar o capitalismo internacional e um dos seus principais meios de desse de se apropriar da riqueza de nossos povos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ocupação de Mantenedora da UNISANTOS

Os estudantes da UNISANTOS estão desde ontem, as 22 horas, ocupando a mantenedoura da universidade. A medida foi decidida após a intrasigência da reitoria em negociar com os estudantes o aumento das mensalidades para o ano que vem. Além disso, a UNISANTOS não apresentou uma planilha de custos para justificar o aumento.
A ocupação reflete uma ascenção nas lutas dos estudantes da região ao longo do ano como o panelaço promovido pelos estudantes da UNISANTOS contra a demissão dos professores livre-docentes do curso de Direito, o ato feito na UNIESP contra a imposição da "taxa desconto" e, também, o ato feito na UNILUS contra a expulsão de 17 alunos do curso de medicina.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Passando uma tarde com Júlio Gana: histórias de resistência negra

Maykon Santos*

_ (...)Africano tem resistência, menino, africano pagou seu corpo.

Eu juntei, vintém a vintém, um conto e oitocentos para me comprar

e houve escravas, como a mãe Henriqueta,

que juntaram dinheiro para comprar o próprio corpo e mais o das filhas.

_ Mas como, homem de Deus?

_ Ora, como!

Trabalhando, nos aluguéis, nos cafés, vendendo santos ou doces na rua,

e com o auxílio do feitiço. Não ria!

Africano sempre vendeu feitiço aos brancos,

porque os brancos sempre acreditam em feitiços.

Hoje os africanos daquele tempo estão ricos.

O diálogo narrado acima foi noticiado pela Gazeta do Rio no dia 13 de maio de 1905. Quem assinou a reportagem foi o famoso jornalista da época, João do Rio. O mesmo relatava o contato que havia tido com o alufá africano Júlio Ganan durante as comemorações pelo 17º aniversário da assinatura da Lei Áurea.

Entretanto, o jornalista ficou surpreso pelas histórias contadas pelo africano dos tempos de escravidão. Como um típico representante da raça branca, João do Rio fazia parte da primeira geração do pós abolição que se formava a partir do discurso eugenista. Discurso esse que pregava a inferioridade negra em relação aos brancos, como também dava sustentação ao imaginário de que a Abolição havia sido uma dádiva branca aos negros.

Pois bem, uma tarde que João do Rio passou com Júlio Ganan o fez se indagar sobre o que achava saber em relação à escravidão. O alufá já começa dizendo ao branco que “Africano tem resistência”, como a dizer que os milhares de negros que desembarcaram no Brasil começavam uma complexa e riquíssima história de oposição ao sistema escravista. Uma das formas de resistir era comprar a liberdade com seu próprio suor.

O branco João do Rio não acredita no que está escutando e indaga, “Mas como, homem de Deus?” Pela idéia de que tinha da escravidão, era impossível para um escravo ter domínio sobre si a ponto de juntar dinheiro, o chamado pecúlio na época, e comprar sua liberdade. Ganan não exita e responde como. Africanos trabalhavam em diversas atividades econômicas. E, além disso, tinham a ajuda de Deus. Mas não o Deus cristão do branco jornalista. Os africanos, que tinham uma cosmologia extremamente complexa, sabiam usar isso a seu favor e vendiam feitiços, provavelmente de proteção, para os brancos, que temiam a religião dos africanos.

O alufá vai além. Alguns africanos juntaram dinheiro a ponto de comprar sua liberdade e também a de outros. Alguns juntaram dinheiro a ponto de terem se tornado ricos. Júlio Ganan não para por aí. Ele informa a João do Rio que em 13 de maio de 1888 a maioria dos “africanos ou já tinha morrido ou já tinham comprado sua alforria”. Portanto, aquela data “não significa nada para os africanos”.

João do Rio ficou tão impressionado pela conversa com o alufá que a registrou no jornal Gazeta do Rio com um título bastante sugestivo: Negros ricos. Podemos dizer que naquela tarde de 13 de maio, o branco aprendeu muito com o africano. Penso que a partir daquele dia, o jornalista olhou para o passado brasileiro de uma outra forma.

Chegando o 20 de novembro, a sociedade brasileira também tem que começar a passar sua tarde com o alufá. O Movimento Negro vem a décadas tentando desmistificar a visão branca, preconceituosa e falsa, a mesma que tinha João do Rio antes de falar com Julio Ganan, de que o negro era inferior ao branco e nada tinha a contribuir para a civilização do novo país, logo nada tinha acrescentado para a formação de nossa cultura e de nosso povo.

Nossos antepassados, como o alufá Júlio Ganan, sabiam que isso não era verdade. A cultura negra trazida pelos milhões de africanos desterrados forçadamente da África para serem escravos no Brasil se enraizou por todo nosso país, pois como disse Júlio Ganan “Africano tem resistência”.

*Militante do Círculo Palmarino

sábado, 15 de novembro de 2008

Bancada do PSOL organiza ato em solidariedade a Protógenes

Atividade acontece no dia 18 de novembro, às 19 horas, na ALESP

A bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo realiza neste dia 18/Nov (terça-feira) um ato em solidariedade ao delegado Protógenes Queiroz e contra a corrupção, no plenário D. Pedro I da Alesp, a partir das 19 horas.
Na mesa, estarão os deputados estaduais Carlos Giannazi e Raul Marcelo (PSOL), Olímpio Gomes (PV); o deputado federal Ivan Valente (também do PSOL) e o delegado.
O PSOL já manifestou repúdio à ação realizada pela Polícia Federal no último dia 5 contra Protógenes, em razão da Operação Satiagraha. O partido soma-se à contrariedade expressa pelo Ministério Público Federal ao pedido de busca e apreensão contra Queiroz.

Infraero: Porque não privatizar!

Paulo Daniel e Silva*

No último dia 31, os (as) funcionários (as) da Infraero de Campinas e do Rio de Janeiro, realizaram no Aeroporto de Viracopos, um Seminário sobre Estado, sociedade e soberania nacional, a qual fui convidado para apresentar alguns dados sobre o processo de privatização brasileiro e também refletir a respeito da participação do Estado no processo econômico.
Pois bem, de acordo com a lógica e principalmente o pensamento econômico liberal dos tempos modernos é preciso perguntar: Por que se deve privatizar? Realiza-se a privatização, pois o Estado não é eficaz e nem eficiente, não gera lucro, não gera riqueza.
E no Brasil? Qual a lógica de privatização? Desde o governo Sarney, existe um programa no governo federal chamado Plano Nacional de Desestatização, que com FHC tornou-se Conselho Nacional de Desestatização. Esse processo iniciou-se de fato com Collor, mas intensificado por Fernando Henrique, tanto é que “rendeu” aos cofres públicos entre 1995 a 2002 US$ 93 bilhões, nesse processo foram bancos como o Banerj e o Banespa, a Vale do Rio do Doce, a Usiminas, a CSN, o sistema de telecomunicações e elétrico.
A partir de 1994, com o plano Real, em que foi estruturado em um dos principais pilares que é o ajuste fiscal, ou seja, enxugamento da máquina administrativa, redução dos gastos públicos e principalmente em investimentos de infra-estrutura, sucateando ainda mais o Estado brasileiro, consolida-se aí um Estado não mais produtor de bens e serviços, mas sim um Estado financeirizado, em que a lógica é dinheiro e mais dinheiro, sem passar pelas agruras do processo de produção.
Portanto, agora a lógica estatal não é mais produzir para gerar emprego e renda e sim economizar (superávit primário e nominal) para pagamento de juros da dívida pública, que hoje está em torno de 50% do PIB brasileiro, essa foi a lógica liberal iniciada com Collor e consolidada com FHC, ou seja, venderam o patrimônio do povo brasileiro, financiado pelo BNDES, que ainda é patrimônio de todos nós, pois sua maior fonte de receita advém do PIS e PASEP.
Quando Lula assumiu o governo federal em 2003, se vangloriava que não iria privatizar nenhum patrimônio da nação brasileira, aliás, foi reeleito com essa bandeira, acusando seu principal adversário, o PSDB, de privatista.
Vejam a ironia da história, passado quase metade do segundo mandato de Lula, inicia-se um processo de privatização de estradas federais, portanto, mais pedágios e o preço das mercadorias ao consumidor final mais caro. Quem paga a conta? O povo brasileiro. Se não bastasse isso, anuncia-se a privatização da Infraero, começando pelos aeroportos do Galeão e de Viracopos com argumentos chulos e equivocados.
O governo federal diz que a Infraero, com o caos aéreo, arranhou a sua imagem. Não é verdade! A Infraero é considerada pelos seus usuários com atendimento de qualidade, com média 8,0 (oito), portanto, uma empresa eficaz e eficiente. Mas ainda pela lógica liberal poderia dizer que não é uma empresa lucrativa. Outra inverdade! A Infraero no último período registrou um lucro líquido de R$ 261 milhões, o valor adicionado da empresa, ou seja, seu patrimônio aumentou em 19% no último período, além de realizar um recorde histórico no fluxo de importações e exportações; aumento de 17,6%. Portanto, até pela lógica liberal não se deve privatizar a Infraero, por ser uma empresa sólida, rentável, enxuta e que presta bons serviços ao povo brasileiro.
O processo de privatização brasileiro, como em qualquer país da América Latina, representou e representa concentração de renda e riqueza, desnacionalização de nossas empresas, redução e má qualidade dos serviços prestados; para comprovação disso, basta observar o sistema de telecomunicações brasileiro, as pessoas têm celulares, mas não tem condições financeiras de colocar crédito para se comunicarem, as tarifas de energia elétrica sobem sempre acima da inflação e as rodovias a cada dia com mais pedágios cada vez mais caros.
Nesse momento de crise internacional, onde as nações caminham pelo processo de estatização de bancos e empresas, o atual governo, tanto federal, quanto estadual, insistem em privatizar, remando contra a maré do próprio sistema capitalista atual, talvez ainda não entenderam, ou não querem entender, o conselho do atual prêmio Nobel de economia Paul Krugman em que diz; “a difundida crença de que as reformas voltadas para a abertura das economias e a liberação dos mercados produzirá uma dramática aceleração no crescimento dos países em desenvolvimento representa um salto no escuro e um ato de fé.”

*Economista, mestre em Economia Política pela PUC-SP, membro do núcleo de estudos Estado e políticas públicas (PUC-SP/CNPq)


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Impostos sobem 7 vezes mais que salários, mostra estudo do Ipea

A renda do trabalhador cresceu 1% em sete anos, enquanto os impostos líquidos sobre produção e importação subiram 7,7%, mostra estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No mesmo intervalo, a renda nacional evoluiu 19,3%. Os dados se referem ao período entre 2000 e 2006 e foram divulgados nesta quarta-feira. Não foram informados números mais recentes. Os trabalhadores de renda mista (que não são empregados e possuem meios próprios de geração de rendimentos, como trabalho autônomo) tiveram um tombo na sua remuneração, com perda de 21,1%.
A renda dos proprietários (lucros, juros, aluguéis e renda da terra) cresceu mais do que o dobro dos salários (2,4%).