quinta-feira, 17 de julho de 2008

EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA!!!

Eduardo Santos*

Volta e meia a sociedade brasileira assiste seus jovens pobres e negros serem executados. No mês de junho foi catastrófico, no morro da Providência-RJ, militares do exército, prenderam três jovens Negros e os entregaram aos traficantes da favela rival e conseqüentemente os três foram executados. Em suma, foi orquestrado pelo Estado a prática da pena de morte, que como todos sabem é proibida pela Constituição Federal de 1988, mas assim mesmo está em pleno vigor nos bairros periféricos das grandes cidades brasileiras. Nota-se então que não há interesse do Estado em esclarecer as mortes e tão pouco penalizar à altura os agente de tais crimes, haja vista que, esses monstros, poderão responder apenas na justiça militar. Embora muitos não admitam, há tempos existe um Extermínio generalizado da Juventude Negra no Brasil e, não é coincidência que esses últimos três, os da candelária, e tantos outros jovens que foram executados pela Policia ou pelo tráfico tenham em comum o fato de serem negros, “criados em comunidades carentes”.

Vários estudos sobre a violência no Brasil nos traz - As vítimas são principalmente jovens, do sexo masculino, com idades entre 15 e 24 anos, pobres, negros, moradores da periferia, sem antecedentes criminais – e infelizmente esta não é apenas a realidade das grandes metrópoles, pois como afirmam os estudos de Waiselfisz (2004), Cerqueira, Lobão e Carvalho (2005), as principais vítimas dos crimes violentos letais em Vitória, no Estado do Espírito Santo por exemplo, são jovens de 15 a 24 anos, do sexo masculino, afrodescendentes e moradores dos bairros pobres. Pode-se afirmar então, que não é só o tráfico que se encarrega da façanha do extermínio da juventude negra da periferia, pois os autores, geralmente, têm o mesmo perfil das vítimas ou então, são agentes do próprio Estado, como policiais – e agora também soldados do exército - ou matadores que atuam em grupos de extermínio, e que só existem mediante conivência, participação ou omissão das forças policiais.

Vive-se numa condição pior do que o Facismo Totalitário empregado pelo Estado através dos seus instrumentos Militares, pois há uma forte contribuição para desvalorização e desrespeito à juventude negra, em que não são garantidos seus direitos básicos como moradia, educação, saúde, profissionalizaçã o, oportunidades de trabalho e geração de renda.

Ao apontar os Jovens negros como infratores e delinqüentes, o Estado camufla a conjuntura de altos índices de desemprego que se abatem principalmente nessa faixa etária, as restritas oportunidades de ocupação formal, e ainda a banalização da violência que se alastra na sociedade, pois quem nunca ouviu dizer que comerciantes ou moradores de determinadas localidades contratam pessoas para matar os infratores que supostamente conturbam a ordem que o Estado deveria manter democraticamente e não o faz. Ou então aqueles comentários esdrúxulos, do tipo “morreu porque não prestava”, “morreu porque estava mexendo com coisa errada”É contrário a essa banalização da vida, principalmente da vida de jovens negros, que o FEJUNES, vem sendo protagonista nas principais lutas por direitos básicos, e por reparações históricas do povo negro, e há tempos vem lutando por cotas na Universidade Federal, pela implementação da Lei 10.639 e pela lei de terras quilombolas, e agora vem dar o grito de rebeldia revolucionária, contra o EXTERMINIO DA JUVENTUDE NEGRA!!!

* Coordenador de Políticas Públicas e Ações Afirmativas do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo - FEJUNES.

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