quinta-feira, 29 de maio de 2008

O desenvolvimento não se justifica pela escravidão e super-exploração!


Rápida Opinião - Por Flaviano C. Cardoso - militante do PSol - núcleo santos

Nossa opção é pela alimentação e pela vida do povo, mesmo que os carros fiquem com fome! Relatório da Anistia Internacional aponta as péssimas condições de trabalho dos cortadores de cana.



O mais recente documento da Anistia Internacional aumenta o coro das críticas ao governo por conta da mudança da matriz energética, cada vez mais voltada a produção de etanol. Para se somar a constatação de que a alta dos preços de alimentos em vários países do mundo é, também, conseqüência da utilização de grãos e cana-de-açúcar na produção de combustíveis, o novo aspecto da crítica, traz o foco das condições provenientes da super-exploração que sofrem cortadores de cana.

O alto índice de casos de morte e hospitalização por desidratação intensiva e exaustão são tão significativos que as empresas canavieiras passaram a fornecer aos trabalhadores embalagens de soro diárias. Algumas delas, para economizar, dão apenas dez embalagens para serem administradas pelos trabalhadores durante o mês. Esse absurdo por não ser divulgado e combatido se mantém, chegando ao cúmulo de serem aplaudidas as empresas que fazem essa “caridade”.

Os dados alarmantes, são antes de mais nada assustadores. Segundo pesquisas da USP em Ribeirão Preto – SP, existe trabalho análogo ao do escravo em muitas regiões canavieiras. A média de corte nas concentrações canavieiras não são inferiores a 11 toneladas-dia por trabalhador, sendo comum casos em que trabalhadores cortam 20 toneladas-dia, num trabalho físico absolutamente insalubre e desumano.

Informações contundentes a esse respeito são apresentadas no relatório da Anistia Internacional: Visite o site (http://www.br.amnesty.org/index_noticias.shtml?sh_itm=862567d16665d5f8cc22545186af1d9a)

“Prosseguiu a exploração no crescente setor canavieiro. Em março, procuradores da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo resgataram 288 pessoas que faziam trabalhos forçados em seis plantações de cana-de-açúcar no estado. No mesmo mês, 409 trabalhadores, 150 dos quais eram índios, foram resgatados da destilaria de etanol Centro Oeste Iguatemi, no Mato Grosso do Sul. Em novembro, equipes de inspeção encontraram 831 índios que trabalhavam no corte de cana alojados em condições extremamente precárias e insalubres, em uma fazenda no município de Brasilândia, também no Mato Grosso do Sul. Mais de mil pessoas que trabalhavam em condições análogas à escravidão foram libertadas de uma fazenda de cana da empresa produtora de etanol Pagrisa, em Ulianópolis, no Pará. Após a autuação, uma comissão do Senado acusou os inspetores de exagerarem a precariedade da situação dos trabalhadores. Em conseqüência, as operações do grupo de fiscalização foram temporariamente suspensas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego devido a temores de que as alegações pudessem comprometer a credibilidade da atuação do grupo de fiscalização. As inspeções foram retomadas em outubro.”
Será que o discurso do governo, que atribui aos pilares fortes do desenvolvimento brasileiro a produção de biodiesel e etanol, leva em conta essas barbaridades? Ou será que voltamos aos tempos do vale-tudo em prol do desenvolvimento e do “pogréssio”?

Somos da opinião de que o sangue da super exploração dos trabalhadores e a seiva das florestas desmatadas irresponsavelmente não podem continuar sendo justificativas para o desenvolvimento. Onde está a tão pregada sustentabilidade?

Conviver com essa barbárie, por si só deveria justificar a construção de um grande movimento de rua pelo fim do trabalho escravo. Pelo menos poderia resultar em um aumento da fiscalização e na prisão dos responsáveis por aquele que deveria ser o pior dos crimes: A exploração desumana dos homens pelos próprios homens, motivada pela sede avarenta por lucro$.

Nesse sentido vai o nosso mais absoluto repúdio!

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